A polícia israelense impediu neste
domingo (17) que mais de 200 manifestantes da extrema-direita invadissem
um casamento entre uma mulher judia e um homem muçulmano. Quatro
manifestantes foram presos.
Maral Malka, de 23 anos, e Mahmoud
Mansour, de 26, ambos de Jaffa, um distrito de Tel Aviv conseguiram na
Justiça que o protesto contra seu casamento fosse policiado, e que os
manifestantes se mantivessem a 200 metros de distância do local da
cerimônia, em Rishon Lezion, um subúrbio de Tel Aviv. Dezenas de
policiais formaram uma barreira humana, o que não impediu que a multidão
se manifestasse, gritando “Morte aos árabes”.
O protesto é decorrente do aumento nas
tensões entre cidadãos israelenses árabes e judeus nos últimos dois
meses, agravado pelo sequestro e assassinato de três adolescentes
israelenses em junho, e pela ofensiva israelense na Faixa de Gaza. O
Lehava, grupo que organizou o protesto tem um histórico de intimidação
de casais formados por árabes e judeus, e costuma usar motivos
religiosos para ilustrar suas objeções aos casamentos exógamos, mas não
costuma protestar do lado de fora de cerimônias de casamento.
O noivo afirmou ao Canal 2 da TV
israelense que os manifestantes não conseguiram impedir o casamento ou
estragar a festa. “Dançaremos e nos divertiremos até o sol raiar. Somos a
favor da coexistência”, afirmou Mansour.
Os manifestantes, muitos deles jovens
vestindo camisetas negras criticaram Maral, que nasceu numa família
judia e se converteu ao Islã antes do casamento, classificando-a como
“uma traidora do Estado judaico”, e gritaram mensagens ofensivas contra a
população árabe, incluindo uma canção com o verso “Que suas aldeias
queimem”.
Dezenas de israelenses dos movimentos de
esquerda realizaram um contraprotesto próximo ao local do casamento,
segurando flores, balões e uma faixa que dizia “O amor vence tudo”.
“Tais expressões de ódio atrapalham a
base de nossa coexistência em Israel, um país que é judeu e
democrático”, afirmou, em mensagem, o presidente israelense Reuven
Rivlin, em sua página no Facebook.
O ex-deputado e porta-voz do Lehava,
Michel Ben-Ari, critica o casamento com não-judeus, classificando o ato
como “algo pior que o que Hitler fez”, em alusão ao assassinato de seis
milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
Um dos convidados do casamento foi a
ministra da Saúde, Yael German, que afirmou a repórteres que encarava
tanto o casamento quanto o protesto como “expressões da democracia”.
Cidadãos de origem árabe formam cerca de
20% da população israelense e em sua maioria, são muçulmanos.
Autoridades religiosas que comandam a maior parte dos casamentos em
Israel se opõe a casamentos inter-religiosos por acreditar que isso
diminuiria os números da população judaica do país. Com isso, muitos
israelenses exógamos preferem se casar fora do país.
O pai de Maral, Yoram Malka, afirmou à
TV israelense que era contra o casamento, que classificou como
“trágico”, e disse estar muito chateado com a conversão de sua filha ao
Islã. Com relação ao genro, Malka também não se mostrou contente com a
escolha da filha: “Meu problema com ele é o fato dele ser árabe”.
Fonte: O Globo e verdade gospel
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