A
jornalista Rachel Sheherazade, âncora do jornal ‘SBT Brasil’, conhecida
por suas opiniões fortes, gerou muita polêmica em vários segmentos da
sociedade ao falar sobre o episódio de um adolescente, de 15 anos, ter
sido preso pelo pescoço com uma tranca de bicicleta, a um poste no
Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo relatos, o ato
foi praticado por “justiceiros”. Clique aqui e assista ao comentário da jornalista.
Entenda o caso
Segundo matéria publicada no G1, o
menor, que tem três passagens na polícia por roubo e furto, foi levado
no dia da agressão com lesões corporais para o Hospital Souza Aguiar,
mas acabou fugindo da instituição. Pouco tempo depois, ele se apresentou
espontaneamente a um abrigo da Prefeitura. De acordo com a Secretaria
de Desenvolvimento Social, o adolescente foi transferido para uma
unidade de menores infratores na Zona Norte, porque há um mandado de
busca e apreensão contra o mesmo.
Além da exibição de uma justificativa de seu comentário no próprio jornal ‘SBT Brasil’, a jornalista publicou na coluna Opinião, do site da Folha, nesta terça-feira (11) uma resposta sobre sua fala.
Leia na íntegra:
Ordem ou barbárie?
O fenômeno da violência é tão antigo
quanto o ser humano. Desde sua criação (ou surgimento, dependendo do
ponto de vista), o homem sempre esteve dividido entre razão e instinto,
paz e guerra, bem e mal.
Há quem tente explicar a violência, a
opção pela criminalidade, como consequência da pobreza, da falta de
oportunidades: o homem fruto de seu meio. Sem poder fazer as próprias
escolhas, destituído de livre-arbítrio, o indivíduo seria condenado por
sua origem humilde à condição de bandido. Mas acaso a virtude é
monopólio de ricos e remediados? Creio que não.
Na propaganda institucional, a
pobreza no Brasil diminuiu, o poder de compra está em alta, o desemprego
praticamente desapareceu… Mas, se a violência tem relação direta com a
pobreza, como explicar que a criminalidade tenha crescido em igual ou
maior proporção que a renda do brasileiro? Criminalidade e pobreza não
andam necessariamente de mãos dadas.
Na semana passada, a violência (ou a
falta de segurança) voltou ao centro dos debates. O flagrante de um
jovem criminoso nu, preso a um poste por um grupo de justiceiros deu
início a um turbilhão de comentários polêmicos. Em meu espaço de opinião
no jornal “SBT Brasil”, afirmei compreender (e não aceitar, que fique
bem claro!) a atitude desesperada dos justiceiros do Rio.
Embora não respalde a violência, a
legislação brasileira autoriza qualquer cidadão a prender outro em
flagrante delito. Trata-se do artigo 301 do Código de Processo Penal.
Além disso, o Direito ratifica a legítima defesa no artigo 23 do Código
Penal.
Não é de hoje que o cidadão se sente
desassistido pelo Estado e vulnerável à ação de bandidos. Sobra
dinheiro para Cuba, para a Copa, mas faltam recursos para a saúde, a
educação e, principalmente, para a segurança. Nos últimos anos, disparou
o número de homicídios, roubos, sequestros, estupros… Estamos entre os
20 países mais violentos do planeta. E, apesar das estatísticas, em
matéria de ações de segurança pública, estamos praticamente inertes e,
pior: na contramão do bom senso!
Depois de desarmar os cidadãos
(contrariando o plebiscito do desarmamento) e deixá-los à mercê dos
criminosos, a nova estratégia do governo, por meio do Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana, é neutralizar a polícia, abolindo os
autos de resistência.
Na prática, o policial terá que
responder criminalmente por toda morte ocorrida em confronto com
bandidos. Em outras palavras, é desestimular qualquer reação contra o
crime. Ou será que a polícia ousará enfrentar o poder de fogo do PCC
(Primeiro Comando da Capital) ou do CV (Comando Vermelho) munida apenas
de apitos e cassetetes?
Outra aliada da violência nossa de
cada dia é a legislação penal: filha do “coitadismo”; e mãe permissiva
para toda sorte de criminosos. Presos em flagrante ou criminosos
confessos saem da delegacia pela porta da frente e respondem em
liberdade até a última instância.
No Brasil de valores
esquizofrênicos, pode-se matar um cidadão e sair impune. Mas a lei não
perdoa quem destrói um ninho de papagaio. É cadeia na certa!
O ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente), o Estatuto da Impunidade, está sempre à serviço do menor
infrator, que também encontra guarida nas asas dos direitos humanos e
suas legiões de ONGs piedosas. No Brasil às avessas, o bandido é sempre
vítima da sociedade. E nós não passamos de cruéis algozes desses
infelizes.
Quando falta sensatez ao Estado é
que ganham força outros paradoxos. Como jovens acuados pela violência
que tomam para si o papel da polícia e o dever da Justiça. Um péssimo
sinal de descontrole social. É na ausência de ordem que a barbárie se
torna lei.
Rachel Sheherazade é evangélica desde os 23 anos. Hoje, aos 40 anos, é casada e mãe de um casal de filhos.
Fonte: Folha e G1 e verdade gospel
Nenhum comentário:
Postar um comentário